quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

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"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver,acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza aomundo e maior amor ao coração dos homens."
(Fernando Pessoa, em "O Eu Profundo")

domingo, 25 de novembro de 2007

I can’t see you,
I can’t hear you
Do you still exist?

I can’t feel you,
I can’t touch you,
Do you exist?
The Phantom Agony

I can’t taste you,
I can’t think of you,
Do we exist at all?

(Epica - The Phantom Agony)
Meu Deus, me dê a coragem
Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar.
Clarice Lispector

sexta-feira, 23 de novembro de 2007


Um poço de situações abrigadas. Em minha cabeça pesam o peso do preço da existência. Ventam pensamentos que cegam as portas de saída. No leito encontra-se a saída de emergência qaue leva de volta ao lado de dentro, onde os quadros da parede estão trocados, mas o aroma continua exalando sua depressiva dor.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O silêncio...
Vozes surgem em meus olhos
O silêncio...
Vozes ecoam em minha garganta
O silêncio...
Vozes gritam em minha mente
O silêncio...
Vozes correm por meu rosto
O silêncio...
Vozes silenciam meu coração
O silêncio...



O mesmo silêncio que

Me toma conta por dentro
Eu o procuro fora, o mesmo
que assombra por entre
as paredes de minha mente
~~~~
Rodiada de tudo e
cercada por todos
Vejo-me no meio do nada,
Do deserto a afligir minha'lma
Ao corromper minha mente
~~~~

E com uma estaca
em meu peito
irei a eternidade
de uma vida de incertezas

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Música

A música me leva como um mar amargo!
À meu pálido astro,
Sob um teto de bruma ou por éter largo,
Iço a vela ao mastro;

O peito para a frente e os pulmões já inflados
Tal qual uma tela
Subo o dorso dos vagalhões amontoados,
Que a noite me vela;

Sinto vibrar em mim o torpel de paixões
De uma nave sofrendo;
O bom vento, a tormenta e suas convulsões

Sobre o abismo horrendo
Me embalam. Outra vez na calma ela é o reflexo
De meu ser perplexo

Charles Baudelaire em As flores do mal

terça-feira, 31 de julho de 2007


Não imagino quem sejas
Acho que nunca vou saber
Prefiro a ignorância a enloquecer
Suas palavras passeiam em minha mente
Me anestesiam, confundem, irritam
Tento traduzí-las, em vão.
Sua presença me liberta, inibe, atormenta
Quando estás por perto não sei quem sou
Transito sem rumo acorrentada por lembranças
As mesmas onde seu fantasma mora
Vampira
É uma brisa leve
Que o ar um momento teve
E que passa sem ter
Quase por tudo ser
g
Quem amo não existe
Vivo indeciso e triste
Quem quis ser já me esquece
Quem sou não me conhece
g
E em meio disto o aroma
Que a brisa traz me assoma
Um momento à consciência
como uma confidência

Fernando Pessoa